Poluição Luminosa, você sabe o que é?

Poluição Luminosa

A poluição ambiental acontece quando o homem provoca direta ou indiretamente um efeito negativo no seu equilíbrio. Você já pode estar familiarizado com os vários tipos de poluição, como a poluição atmosférica, a poluição hídrica, a poluição do solo, sonora e radioativa.

Entretanto existem também a poluição térmica, a poluição visual e a poluição luminosa. Você sabia que a luz também pode ser um poluente? Vamos falar mais sobre a poluição luminosa e como a melhoria nas tecnologias de iluminação podem estar agravando esse tipo de poluição.

Essa poluição começou há milhares de anos, com o surgimento do fogo e das velas, mas claro que os impactos eram muito baixos. Entretanto, com a invenção da eletricidade no século XIX e o surgimento das primeiras iluminações públicas, a luz elétrica tomou conta da iluminação noturna em todo o mundo.

A poluição luminosa portanto é o excesso de luz artificial emitida pelos centros urbanos, ou seja, luminárias internas e externas de residências e outros estabelecimentos, sinalização aérea e marítima, iluminação de anúncios publicitários e principalmente iluminação pública.

TIPOS DE POLUIÇÃO LUMINOSA

Ofuscamento/Clarão (Glare):
O ofuscamento ocorre quando a luz excessiva não é protegida propriamente e brilha de forma horizontal, diminuindo a visibilidade, causando desconforto visual e até cegueira momentânea. Um exemplo disso ocorre quando alguém, ao tirar uma foto, dispara o flash da câmera em sua direção.

Luz Intrusa (Light Trespass):
Ocorre quando a iluminação está invadindo um local onde ela não foi projetada para iluminar. Um exemplo desse tipo de poluição acontece quando a luz de um poste de iluminação da rua ou a luz da casa de um vizinho invade o seu quarto, não permitindo que o ambiente fique totalmente escuro durante a noite e atrapalhando muito as suas horas de sono.

Luz intrusa, exemplo de poluição luminosa
Exemplo de luz intrusa na esquerda e exemplo da luz instalada corretamente na direita.
Fonte: eschooltoday

Brilho do céu (Skyglow):
O Skyglow é o brilho acumulado que as luzes artificiais emitem e que podem ser vistas a quilômetros de distância no espaço. Esse fenômeno é pior em áreas com alta concentração de poluição atmosférica. De acordo com a International Dark Sky Association, de Los Angeles, o brilho da iluminação pode ser visto a mais de 300 Km de distância.

Desordem (Light Clutter):
Fontes de luzes intensas e/ou excessivas que podem causar confusão, distração e acidentes. A desordem pode ser observada em cidades ou estradas em que as luzes estão mal posicionadas e distraem ou atrapalham os motoristas, podendo causar acidentes. Las Vegas, nos EUA, é um exemplo de cidade em que ocorre a desordem de luz.

Causas e efeitos da Poluição Luminosa
Você pode estar se perguntando: se o consumo de energia é um problema maior a cada dia, como a emissão de luz está aumentando? Bom, isso tem a ver com a evolução das tecnologias de iluminação, vamos entender melhor.

Sabemos que o consumo das lâmpadas incandescentes era muito grande e que a maior parte da energia era desperdiçada em calor e não em luminosidade. Com a evolução das lâmpadas para fluorescentes e agora as lâmpadas LED, esse consumo diminuiu bastante, principalmente no uso da iluminação pública.

O problema é que em muitos locais, o dinheiro economizado com a troca das lâmpadas para uma iluminação mais eficiente é convertido em mais pontos de iluminação. Aumentando os pontos de iluminação, aumenta-se a quantidade de luz emitida. Além disso, muitos desses pontos de iluminação não são projetados corretamente, gastando energia desnecessária e aumentando a poluição luminosa.

Os impactos causados pela poluição luminosa são vários. Afetam os ciclos migratórios das aves, muitas vezes desorientando-as e fazendo-as bater em prédios iluminados ou de ir em encontro a luz. Afetam os filhotes de algumas tartarugas marinhas, que ao invés de irem em direção ao mar guiados pelo reflexo da lua e das estrelas, seguem em direção à cidade por causa da intensidade das luzes.

Animais com bioluminescência, que é a  produção e emissão de luz por um organismo vivo e que tem diversas funções (camuflagem, comunicação e atração de presas e parceiros para reprodução), também são afetados. Em áreas intensamente iluminadas, esse fenômeno perde sua função. Por esse motivo, em diversas regiões do mundo, os vaga-lumes são cada vez mais escassos. As fêmeas dos vaga-lumes utilizam a bioluminescência para atrair os machos em até 45 metros de distância, mas, com a presença de luz artificial, essa ferramenta é prejudicada, reduzindo a reprodução da espécie.

Algumas espécies de plantas não florescem se a duração da noite é mais curta, enquanto outras florescem prematuramente. A fotossíntese induzida pela luz artificial pode produzir um crescimento anormal e uma defasagem nos períodos de floração e descanso das plantas.

A poluição luminosa pode estar causando a extinção dos vaga-lumes
Quando foi a última vez que você viu um vaga-lume? A poluição luminosa pode estar causando a extinção dos vaga-lumes.
Fonte: Blog Luz, Flor e Prosa

Para nós também existem problemas. A iluminação atrai insetos durante a noite, como o mosquito da dengue, além de que o excesso de luz exterior invade as nossas casas e perturba o nosso sono. A luz noturna provoca mudanças no sono e confunde o ritmo circadiano, que é o período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico de praticamente todos os seres vivos. Confira nosso post sobre A iluminação certa para dormir bem.

A visualização das estrelas e da nossa galáxia também é afetada, tanto a olho nu quanto em observatórios. Quando vamos para cidades do interior ou locais mais afastados das grande cidades podemos perceber melhor a iluminação da Lua e das estrelas.

Um exemplo desse fato pode ser observado no trabalho do fotógrafo Thierry Cohen, que no projeto “Villes Eteintes” (Cidades Escurecidas), quis mostrar como seria a visão do céu de grandes cidades do mundo, caso não houvessem luzes artificiais. Para isso o fotógrafo tira fotos de paisagens das cidades, anotando o ângulo, a latitude e a longitude da exposição. Depois, aproveitando o movimento de rotação da Terra, ele repete as mesmas características das fotos em lugares onde não há poluição luminosa, como desertos e planícies. Depois, o artista juntas as fotos e o resultado são as belas imagens que você confere abaixo. Note que o céu apresentado nas fotos do Rio e de São Paulo se completam devido a proximidade dos dois estados.

Foto do céu de São Paulo apenas com a iluminação do céu, sem poluição luminosa.
Fonte: Foto de Thierry Cohen
Foto do céu do Rio de Janeiro apenas com a iluminação do céu, sem poluição luminosa.
Foto do céu do Rio de Janeiro apenas com a iluminação do céu, sem poluição luminosa.
Fonte: Foto de Thierry Cohen

COMO DIMINUIR A POLUIÇÃO LUMINOSA

Diferentemente dos outros tipos de poluição, a poluição luminosa pode ser facilmente revertida. Utilizando da iluminação corretamente, com luzes direcionadas somente para a área que se quer iluminar, sem dispersão da luz para cima ou na horizontal, é possível melhorar a eficiência da iluminação com menor potência e consumo de energia.

Algumas medidas já vem sendo tomadas. Em Paris, por exemplo, da 1h às 7h da manhã, luzes de lojas, escritórios e fachadas da cidade, conhecida como a cidade das luzes, devem estar apagadas, excetuando áreas turísticas como a Torre Eiffel, que pode ficar acesa.

Fontes:

eCycle – O que é poluição luminosa?
eCycle – Como seria o céu se pudéssemos ver as estrelas?
International Dark-Sky Association – Light Pollution
Wikipédia – Poluição Luminosa

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